Tipos de câncer

Síndrome de Li-Fraumeni

A síndrome de Li-Fraumeni é causada pela alteração no gene TP53, cuja função é suprimir tumores, e tem caráter hereditário. Portadores da doença têm 50% de chances de desenvolver câncer antes dos 30 e 90% deles têm câncer antes dos 70. Saiba mais.
7 min de leitura
por: Grupo Oncoclínicas
Síndrome de Li-Fraumeni
A síndrome de Li-Fraumeni é rara e autossômica dominante, ou seja, o pai ou a mãe podem transmiti-la para os filhos.

O que é síndrome de Li-Fraumeni (LFS)

A síndrome de Li-Fraumeni é causada por uma variação genética no gene TP53 de caráter hereditário, que enfraquece a habilidade das células de controlar diversos sistemas vitais. O resultado dessa perda do controle de mecanismos críticos das células aumenta a probabilidade de diagnóstico de câncer.

A mesma aumenta significativamente o risco de câncer em seus portadores. Cerca de metade dessas pessoas têm probabilidade de desenvolver câncer antes dos 30 anos, e a grande maioria enfrenta essa doença antes dos 70 anos. 

Quando essa síndrome se manifesta na infância, a tendência é que os pacientes enfrentam múltiplos tipos de câncer ao longo da vida ou que desenvolvam mais de um tipo de câncer simultaneamente quando os sintomas surgem. Tendo uma prevalência aumentada na região sul e sudeste do Brasil devido à presença de uma variante genética no gene TP53 fundadora brasileira. Por isso, indivíduos naturais dessas regiões e histórico pessoal e/ou familiar de câncer merecem atenção em relação ao aconselhamento genético.

Qual o significado do gene TP53?

O gene TP53 é responsável por prevenir a formação de tumores. Ele garante que as células, ao se dividirem, não sofram danos no DNA. Quando ocorre algum dano, o TP53 interrompe a divisão celular e direciona a célula para reparo. Se o dano for grave, a célula para de se dividir ou se autodestrói para proteger outras células.

Pessoas com a síndrome de Li-Fraumeni carregam uma mutação hereditária em um gene específico (TP53), presente em uma das cópias herdadas dos pais. 

Essa mutação genética pode ocorrer tanto na cópia materna quanto na paterna, afetando todas as células do corpo desde o nascimento. Isso aumenta significativamente o risco de desenvolver uma variedade de cânceres ao longo da vida, em comparação com a população em geral.

Pelo fato dessas pessoas ainda possuírem uma cópia normal do gene, um outro evento que leve a cópia normal a perder sua função teria que acometer alguma célula durante a vida para que o câncer ocorresse. 

Por este motivo, não existe a certeza de que um portador de síndrome de Li-Fraumeni vá ter câncer na vida, em que órgão ou em que idade: o fenômeno de perda da cópia normal é imprevisível e, em certos portadores, pode nunca ocorrer.

Cânceres associados à síndrome de Li-Fraumeni

A síndrome de Li-Fraumeni é rara e autossômica dominante, ou seja, o pai ou a mãe podem transmiti-la para os filhos. Cada descendente tem 50% de risco de ser portador da mesma síndrome, e a presença de uma cópia mutada do gene já é suficiente para aumentar a probabilidade de desenvolvimento de um câncer.

Os cânceres associados à síndrome de Li-Fraumeni são:

Síndrome de Li-Fraumeni – quem deve ser testado 

Como o principal sinal de que uma pessoa possa ter a síndrome de Li-Fraumeni (LFS) é o desenvolvimento de certos tipos de câncer, é importante saber quem deve ser testado para a alteração no gene TP53.

Pode haver suspeita de LFS se alguém tiver histórico pessoal ou familiar dos tipos de câncer mencionados acima. Pacientes que pertençam a famílias com múltiplos casos de cânceres infantis, com casos de membros com múltiplos cânceres ou cânceres raros específicos, como carcinoma adrenocortical ou tumores do plexo coroide, devem informar estes eventos aos médicos, questionando sobre uma possível hereditariedade.

Se o profissional considerar que o paciente possa ter a síndrome, será feito o encaminhamento a um especialista em aconselhamento genético. É ele que vai explicar detalhes sobre a doença e riscos, que variam de família para família. Acima de tudo, o aconselhador genético vai discutir as implicações da realização de um teste de DNA e o significado de um exame positivo ou negativo. 

Será esclarecido que pessoa da família seria o melhor candidato para o teste (não é necessário testar todos em um primeiro momento) e até informações sobre reembolso do exame antes da realização do mesmo.

Se os resultados forem positivos (ou seja, o paciente testado tiver a mutação), a pessoa tem maior risco de desenvolver um câncer ao longo da vida e tem 50% de probabilidade de passar a variante para seus filhos.

Diagnóstico da síndrome de Li-Fraumeni

A possibilidade de um diagnóstico em massa para identificar as famílias com a síndrome é um tema controverso pela relação risco-benefício ainda não muito clara – o mesmo vale em relação à detecção precoce em recém-nascidos.

No Brasil, pesquisadores da Unicamp desenvolveram um kit para a detecção de mutações ligadas à síndrome de Li-Fraumeni em recém-nascidos. A ideia é incorporá-la ao teste do pezinho, que identifica mais de 30 doenças. Não há consenso sobre o tema. Já o mapeamento genético em pacientes com histórico familiar de múltiplos cânceres é aconselhável.

A síndrome de Li-Fraumeni é diagnosticada com base em critérios clínicos e confirmada pelos testes genéticos para a mutação no gene TP53.

Critérios da American Society of Clinical Oncology para os testes: 

  • Um sarcoma diagnosticado antes dos 45 anos;
  • Um parente de primeiro grau com câncer antes dos 45 anos; e
  • Um parente de primeiro grau ou de segundo grau com qualquer câncer antes dos 45 anos ou um sarcoma em qualquer idade.

Critérios Chompret para testagem: 

Critério 1 – Indivíduo comtumor pertencente ao espectro de síndrome de Li-Fraumeni (osteossarcoma, tumor cerebral,  câncer de mama, etc.) antes dos 46 anos de idade e pelo menos um membro da família de primeiro ou segundo grau com tumor relacionado à síndrome de Li-Fraumeni, (exceto câncer de mama se o caso do indivíduo índice foi câncer de mama)  antes dos 56 anos ou com múltiplos tumores;

Critério 2 – uma pessoa com múltiplos tumores, exceto múltiplos tumores de mama, dois dos quais pertencentes ao espectro do tumor LFS e o primeiro tenha ocorrido antes dos 46 anos; e

Critério 3 – uma pessoa da família diagnosticada com carcinoma adrenocortical ou um tumor no plexo coróide, uma membrana que envolve o cérebro, independentemente da história familiar.

síndrome de li-fraumeni tratamento

Não há tratamento padrão ou cura para LFS. Com algumas exceções, os cânceres em pessoas com LFS são tratados da mesma forma que os cânceres em outros pacientes. Há algumas diferenças, como cuidados especiais com o uso de exames e tratamentos que envolvam radiação.

Radiação/radioterapia x síndrome de Li-Fraumeni

Pesquisas indicam que os indivíduos com LFS parecem ter um risco elevado de câncer induzido por radiação. Portanto, o uso de radioterapia deve ser abordado com cautela. Tomografia computadorizada (TC), mamografia e outras técnicas de diagnóstico envolvendo radiação ionizante devem ser limitadas. A radioterapia pode ser considerada apenas em situações especiais, preferencialmente envolvendo uma discussão médica multidisciplinar

Prevenção

Como a síndrome predispõe ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, os portadores devem incorporar um estilo de vida saudável, com medidas que reduzam os riscos de terem a neoplasia. As recomendações gerais já são bastante conhecidas, como não fumar, controlar o peso, utilizar filtro solar, atividade física regular, etc. Um importante trabalho mostrou que pacientes do sexo feminino portadoras da Síndrome de Li-Fraumeni que amamentaram pelo menos 7 meses apresentaram significativa redução do risco de desenvolver câncer de mama.  etc.

Nas famílias em que já tenha ocorrido o diagnóstico de LFS, a adesão ao rastreamento preventivo é muito útil. Algumas recomendações de vigilância são recomendadas, como a utilização de exames de ressonância magnética de corpo inteiro para pacientes com LFS.

No geral, as recomendações de triagem nas famílias em que a síndrome está presente envolvem:

Crianças (até os 18 anos)

  • Exame físico completo a cada 3-4 meses;
  • Ultrassom do abdômen e pelve a cada 3-4 meses e exames de sangue (carcinoma adrenocortical);
  • Ressonância magnética do cérebro anual (câncer cérebro); 
  • Ressonância magnética do corpo inteiro anual(sarcoma de tecido mole e osso).

Adultos

  • Exame físico completo a cada 6 meses;
  • Exame clínico das mamas duas vezes por ano a partir dos 20 anos;
  • Ressonância magnética das mamas anual;
  • Ressonância magnética  de corpo inteiro anua;
  • Ressonância magnética do cérebro anual;
  • Endoscopia alta e colonoscopia a cada 2-5 anos; e
  • Exame dermatológico anual.

 

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